Cantiga de Amigo
Oí hoje eu ua pastor cantar,
du cavalgava per ua ribeira,
e a pastor estava i senlheira,
e ascondi-me pola ascuitar,
e dizia mui bem este cantar:
"Sô lo ramo verde frolido
vodas fazem a meu amigo;
choran olhos d'amor."
E a pastor parecia mui ben,
e chorava e estava cantando,
e eu mui passo fui-mi achegando
pola oir e sol non falei rem;
e dizia este cantar mui bem:
" Ai estorninho do avelanedo,
cantades vós e moiro eu e peno,
e d'amores hei mal."
E eu oí-a suspirar enton,
e queixava-se estando con amores,
e fazia ua guirlanda de flores;
des i chorava mui de coraçon,
e dizia este cantar enton:
"Que coita hei tan grande de sofrer:
amar amigo e non ousar veer!
E pousarei sô lo avelanal."
Pois que a guirlanda fez a pastor
foi-se cantando, indo-se en manselinho,
e tornei-me eu logo a meu caminho,
ca de a nojar nou houve sabor.
E dizia este cantar ben a pastor:
" Pela ribeira do rio
cantando ia la virgo
d'amor:
Quem amores há,
como dormirá?
Ai, bela frol !"
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Postado por Douglas às 10:01
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário